Preparar o terreno
Lançar uma iniciativa de cidadania europeia exige uma equipa específica, um planeamento estratégico e recursos financeiros. Em qualquer fase da campanha transnacional de uma iniciativa de cidadania europeia, desde a fase de preparação à de execução, são necessários recursos adequados para assegurar a eficácia da campanha. Dada a diversidade linguística da Europa, o material deve ser traduzido para várias línguas a fim de chegar efetivamente aos eventuais apoiantes de cada região. Embora os voluntários tenham frequentemente um papel fundamental, é muitas vezes necessário assegurar que existem pessoas especificamente encarregadas da coordenação, da orientação jurídica e da sensibilização. Além disso, a criação de uma forte presença através de um sítio Web, das redes sociais e de eventos públicos exige financiamento. As consultas jurídicas, os materiais de campanha e a publicidade, tanto digital como tradicional, podem aumentar bastante as despesas da campanha. Aperceber-se destes requisitos financeiros é essencial para assegurar uma campanha bem estruturada e sustentável.
Começar cedo e de forma estratégica
Começar a angariar fundos desde muito cedo é essencial para obter os recursos necessários para organizar uma iniciativa de cidadania europeia. Procure assegurar o financiamento das atividades iniciais, como a criação de sítios Web ou a identificação de parceiros, antes de lançar oficialmente a iniciativa. Idealmente, a angariação de fundos deve começar ainda antes do registo da iniciativa.
É preciso também pensar com antecedência. Por exemplo, procure fazer coincidir a angariação de fundos com jornadas de sensibilização especiais relacionadas com o tema da iniciativa que estejam programadas para o ano seguinte. Eventos como festas políticas ou «Dias» relacionados com um tema específico, como o Dia Internacional da Mulher, o Dia da Terra, o Dia Mundial da Saúde ou o Dia dos Direitos Humanos, proporcionam excelentes oportunidades para angariar fundos e aumentar a visibilidade. Estas ocasiões atraem a atenção dos meios de comunicação social e a participação do público e constituem um instrumento temático adequado para promover uma iniciativa.
A fim de chamar a atenção da imprensa e do público, os organizadores da iniciativa Cosméticos sem crueldade fizeram ações especiais de sensibilização no Dia Internacional do Gato.
Também é útil definir momentos específicos ao longo da campanha para reforçar os apelos à angariação de fundos, como, por exemplo, quando são obtidas 100 000 assinaturas. Estes momentos podem ser fundamentais para redinamizar a angariação de fundos e obter mais apoios à medida que a iniciativa avança.
Trabalhar em equipa: atribuir a função de angariação de fundos
Os organizadores das iniciativas anteriores têm dito que é preferível atribuir claramente determinadas funções a membros da equipa. Ter uma pessoa ou uma equipa responsável especificamente pela angariação de fundos assegura que este aspeto recebe a atenção que merece e que é parte integrante dos objetivos da campanha. As tarefas que a angariação de fundos implica são:
- Estabelecer e desenvolver com os financiadores
- Lançar e gerir campanhas de angariação de fundos
- Fazer o acompanhamento dos orçamentos e velar pelo cumprimentos das obrigações de comunicação de informações
Angariar fundos é mais do que solicitar donativos ou obter fundos. Um angariador de fundos é alguém que sabe estabelecer parcerias, reforçar a visibilidade e contribuir para a criação e gestão de comunidades. O apoio dos eventuais parceiros pode assumir outras formas, além de dinheiro, como o apoio através de donativos em espécie, recursos humanos ou ações de divulgação.
Adaptar devidamente as campanhas aos públicos-alvo
Para que uma iniciativa seja bem-sucedida, tem de ter apoiantes em vários países, o que exige uma coordenação cuidadosa e estratégias localizadas. Uma vez que as línguas, as culturas e os quadros de financiamento nacionais variam de país para país, é fundamental conceber campanhas específicas por país, dirigidas a um público específico.
A presença dos organizadores nas redes sociais também deve ser adaptada às diferentes preferências demográficas e regionais. As plataformas mais populares variam consoante o país e a idade. Embora os públicos mais jovens tendam a utilizar principalmente o Instagram e o TikTok, as pessoas de outras faixas etárias podem estar mais ativas no Facebook ou no LinkedIn. Implementar uma estratégia baseada em dados em todas as plataformas ajudá-lo-á a maximizar a participação e sensibilização do público.
Para além dos métodos de sensibilização em linha, devem ser consideradas abordagens alternativas de proximidade. Embora as campanhas digitais possam ser eficazes em termos de custos, não se deve subestimar o poder da participação presencial. Em função do público-alvo, pode obter-se um apoio valioso junto de grupos de atividades de tempos livres, associações locais, locais de trabalho, organizações comunitárias, etc. Embora de início possa ser difícil chegar a estes grupos, uma vez mobilizados, mostram-se frequentemente muito empenhados e podem desempenhar um papel fundamental na mobilização de apoio para uma causa em que acreditam.
Por último, deve-se maximizar a utilização das ferramentas das redes sociais para racionalizar a angariação de fundos e a participação das pessoas. Funcionalidades como o botão «Doar» do Instagram, por exemplo, podem encorajar as contribuições dos apoiantes diretamente no quadro da própria plataforma.
Para além do apoio financeiro, existem outros tipos de apoio que ajudam os organizadores a poupar dinheiro. Por exemplo, a Comissão Europeia contribui com uma ajuda não financeira, sob a forma do Fórum da Iniciativa de Cidadania Europeia, a disponibilização de traduções de todas as iniciativas registadas (tradução do título, objetivos e anexo) e um sistema de recolha em linha gratuito gerido diretamente pela Comissão. Além disso, o Comité Económico e Social Europeu também presta algum apoio aos organizadores.
Formas de angariar fundos
Identificar as necessidades
Comece por elaborar um orçamento pormenorizado que descreva os recursos necessários para levar a cabo a campanha. Os organizadores de iniciativas anteriores referem, entre as principais despesas, as despesas com os seguintes elementos:
- Recursos humanos: Provavelmente, a maior parte do orçamento da iniciativa será afetada a despesas com o pessoal. Se tiver capacidade financeira suficiente, pondere contratar profissionais para se encarregarem da comunicações ou do apoio informático, para além dos coordenadores de campanha. A criação de conteúdos e de sítios Web, a gestão das redes sociais e a coordenação dos meios de comunicação social podem precisar de uma atenção especial. Se não tiver capacidade financeira suficiente, não subestime o poder dos voluntários.
- Publicidade: A publicidade digital tem um impacto significativo. No entanto, em função do tema da iniciativa, considere a possibilidade de investir tanto em anúncios digitais (redes sociais ou em linha) como em ações de sensibilização tradicionais (jornais, televisão, rádio).
Dica de organizadores de iniciativas: A iniciativa de cidadania europeia Proibição das práticas de conversão ganhou ímpeto graças à visibilidade orgânica que foi amplificada pelo apoio da campanha da iniciativa My Voice, My Choice. Esta colaboração ajudou a iniciativa a tornar-se viral nas redes sociais, contando com o apoio adicional de influenciadores, presidentes de câmaras municipais e figuras públicas a todos os níveis, o que mostra o poder que podem ter as alianças alargadas e a forma como as parcerias entre iniciativas podem reforçar o alcance e o impacto das respetivas campanhas.
- Material de sensibilização: Folhetos e outros artigos de promoção destinados a serem utilizados em eventos para fins de visibilidade presencial.
A iniciativa Stop Destroying Videogames funciona inteiramente com base em voluntários e tem sido capaz de sensibilizar a opinião pública mediante a utilização ativa de plataformas gratuitas como o YouTube, fóruns em linha e redes sociais.
Construir uma rede de contactos e combinar recursos
Uma rede de parceiros forte é uma enorme ajuda para afetar de forma eficiente um orçamento limitado e pode também desbloquear novas fontes de financiamento. Quando procurar parceiros, vise entidades que partilhem as mesmas ideias e que têm objetivos semelhantes, nomeadamente:
- ONG: identifique as principais organizações que trabalham no domínio a que diz respeito a iniciativa a nível local, regional, nacional, europeu ou internacional.
- Apoiantes de iniciativas anteriores: faça uma pesquisa dos financiadores ou parceiros de iniciativas anteriores utilizando as informações públicas que figuram no sítio Web da ICE.
- Associações setoriais: procure entidades do setor público ou privado cujos objetivos estejam em consonância com os da iniciativa.
- Entidades públicas: considere a possibilidade de estabelecer parcerias com as autoridades e autarquias locais, especialmente no caso de iniciativas de importância local ou regional.
A iniciativa que visava Garantir um acolhimento digno aos refugiados e migrantes na Europa foi grandemente apoiada pelo município de Rennes, em França, o que demonstra o potencial das parcerias públicas.
Ao contactar potenciais parceiros, saliente a forma como uma eventual colaboração pode ter benefícios mútuos e originar uma partilha de competências essenciais, capacidades e recursos. Uma rede diversificada permite envolver cidadãos de diferentes regiões e com diferentes perfis demográficos. Os parceiros bem estabelecidos podem contribuir com os seus conhecimentos especializados para a campanha da iniciativa, aumentando a confiança de potenciais financiadores e apoiantes. No caso de uma colaboração, a utilização dos logótipos dos parceiros no material de divulgação da iniciativa reforça a legitimidade da campanha.
Para mais informações sobre como criar uma rede, consulte a secção do Fórum ICE Como procurar parceiros
A iniciativa My Voice, My Choice conseguiu criar uma rede de mais de 250 organizações apoiantes, porque conquistou o apoio de aliados algo inesperados em vez de se limitar aos grupos de saúde reprodutiva. Por exemplo, obtiveram a adesão de atores, grupos musicais e até associações de escalada. Com uma abordagem deste tipo, pode obter-se um apoio muito mais amplo e chegar a um público muito maior, aumentando a visibilidade geral da campanha e as oportunidades de financiamento.
Explore ferramentas como o Registo de Transparência da UE e a possibilidade de estabelecer contactos com outros utilizadores do Fórum ICE para identificar potenciais parceiros.
De apoiante a doador: Os apoiantes da iniciativa podem ser eles próprios multiplicadores da campanha e transformar-se numa poderosa fonte de financiamento. Conquiste-os através de:
- Donativos: Apresente opções claras aos apoiantes da iniciativa para fazerem donativos e apoiarem a campanha. Seja transparente quanto à forma como os fundos serão utilizados,
- Campanhas baseadas em objetivos intermédios: Utilize os resultados intermédios da campanha (por exemplo, a obtenção de 10 000 assinaturas) para lançar apelos à angariação de fundos junto dos apoiantes da iniciativa.
- Financiamento colaborativo (crowdfunding): Recorra às plataformas para chegar a um vasto público. Incentive os apoiantes a darem a conhecer a campanha no âmbito das suas próprias redes.
Maximizar o interesse através da comunicação por correio eletrónico
A intermédios através do correio eletrónico e de boletins informativos continua a ser um poderoso instrumento de mobilização e pode, por vezes, captar mais atenção e obter melhores respostas do que as redes sociais. A iniciativa Tax the Rich concluiu que, mesmo com os 800 000 seguidores da Oxfam International na rede X, a campanha efetuada nas redes sociais apenas conduziu a algumas centenas de assinaturas. O mesmo é válido para o financiamento de ações de sensibilização, pois o facto de se ter uma grande audiência não garante forçosamente uma grande adesão das pessoas. É essencial os organizadores centrarem-se no reforço e na gestão das comunidades, nomeadamente através de boletins informativos.
Encontrar os financiadores certos: manter e empenhar-se em assegurar um apoio duradouro
Identificar potenciais financiadores
A identificação de potenciais financiadores é um passo crucial para garantir apoio financeiro a uma iniciativa de cidadania europeia. Para maximizar as suas possibilidades de êxito, deve concentrar-se nos doadores que têm um interesse natural na causa objeto da iniciativa, isto é, aqueles que trabalham no domínio da iniciativa, que partilham os seus valores e que prosseguem objetivos semelhantes.
Um excelente ponto de partida é procurar identificar financiadores de iniciativas anteriores sobre um tema semelhante. Analise as iniciativas anteriores que abordaram questões relacionadas com a sua iniciativa e procure saber a origem do financiamento dessas iniciativas. O sítio Web da ICE contém informações públicas que o podem ajudar a identificar organizações ou pessoas que já apoiaram causas semelhantes. Pode também analisar relatórios e agradecimentos dos organizadores de iniciativas bem-sucedidas para detetar pistas potenciais.
Para além das iniciativas anteriores, explore bases de dados de financiamento mais vastas. O Programa Cidadãos, Igualdade, Direitos e Valores (CERV) da Comissão Europeia é um programa de financiamento no âmbito do qual são lançados regularmente convites à apresentação de projetos que visam mobilizar os cidadãos, salvaguardar a diversidade e os direitos civis e capacitar os cidadãos na vida democrática, entre outros.
O Registo de Transparência da UE ou os portais de transparência nacionais também podem ajudar a encontrar ONG, fundações e patrocinadores empresariais interessados no tema da sua iniciativa.
Aproveitar as oportunidades de financiamento da UE — Programa CERV
O Programa Cidadãos, Igualdade, Direitos e Valores (CERV) da Comissão Europeia concede financiamento a organizações da sociedade civil centradas na participação dos cidadãos e na defesa dos direitos e da democracia. A título de exemplo, a iniciativa The Good Clothes, Fair Pay recebeu apoio através do CERV.
Para oportunidades atuais, visite:
Convites à apresentação de propostas CERV: Convites à apresentação de propostas CERV
Informações sobre o programa CERV: Informações sobre o programa CERV
Para estar a par das oportunidades, assine o boletim informativo da ICE
Para afinar a pesquisa de potenciais financiadores, é essencial identificar as principais partes interessadas no tema da sua iniciativa nos vários países da UE. Muitos financiadores publicam as suas prioridades em relatórios anuais ou enumeram os seus recentes patrocínios nos seus sítios Web. Ao examinar estas fontes, procure determinar se a iniciativa está em consonância com as respetivas estratégias de financiamento e defina a melhor forma de os abordar. O estabelecimento de relações com organizações, grupos de defesa de interesses e redes relevantes ajuda também a perceber melhor o panorama de financiamento e criar oportunidades de colaboração potenciais.
Por último, não se esqueça dos doadores individuais. Muitos filantropos apoiam ativamente causas sociais e políticas, pelo que podem ter um interesse pessoal nos objetivos da iniciativa. Identificar pessoas que possam financiar a campanha a título pessoal, investigar os respetivos donativos anteriores, afiliações e eventuais declarações ou ações públicas que indiquem o seu compromisso com questões semelhantes e, por último, contactar essas pessoas através de redes profissionais como o LinkedIn, eventos ou mesmo redes sociais pode ajudar a estabelecer relações valiosas e a obter o respetivo apoio.
Uma estratégia útil consiste em identificar um contacto fundamental em cada potencial organização financiadora, como o chefe do departamento de financiamento ou o responsável pelo programa de concessão de subvenções. Estabelecer uma relação direta com a pessoa certa pode ajudar a obter informações valiosas sobre as prioridades e expectativas da entidade financiadora e o processo de apresentação de propostas, o que lhe permitirá comunicar de forma mais eficiente e personalizada.
Não esquecer A transparência é essencial para reforçar a confiança dos apoiantes, dos financiadores e dos parceiros. Todas as contribuições superiores a 500 euros devem ser divulgadas publicamente, juntamente com informações sobre as ajudas de caráter não financeiro.
Para mais informações, consultar a secção do Fórum ICE sobre Como declarar o apoio financeiro recebido.
Diversificar as fontes de financiamento
Obter apoio de numerosas entidades financiadoras confere uma certa segurança à campanha. Explore as seguintes opções:
- ONG ou organizações da sociedade civil: uma vez que estas são as entidades financiadoras mais comuns das iniciativas de cidadania europeia, é mais provável que se interessem e apoiem uma causa objeto de iniciativa.
- Patrocínios de empresas: contacte as empresas cujos valores se coadunam com a iniciativa, chamando a atenção para os benefícios de um apoio à campanha, como uma associação de marca positiva e o acesso a novos públicos.
- Parcerias públicas: procure obter o apoio das autarquias locais, em especial no caso das iniciativas relacionadas com interesses locais (por exemplo, transportes ou questões ambientais).
- Fundações ou subvenções públicas
- Associações setoriais
- Doadores e filantropos individuais
Quando uma empresa decide apoiar uma iniciativa fá-lo para melhorar a sua marca e chegar a novos públicos. Os patrocinadores procuram acesso a novos setores da população, pelo que é fundamental chamar a atenção para este aspeto. A iniciativa Cosméticos sem crueldade – Por uma Europa sem ensaios em animais recebeu donativos da Body Shop, Dove e Unilever, proporcionando assim visibilidade a estas marcas e à responsabilidade social das empresas.
O que procuram os financiadores?
Ao procurar financiamento para uma iniciativa, é essencial perceber quais são as prioridades das eventuais entidades financiadoras. Conhecer as expectativas dos eventuais financiadores ajuda a adaptar a abordagem e a aumentar as possibilidades de obter apoio.
Importância dos valores e objetivos das entidades financiadoras
Há muito mais possibilidades de uma iniciativa obter apoio de uma entidade financiadora cuja missão e valores estejam relacionados com os da própria iniciativa. Ao elaborar a proposta que lhes pretende apresentar, tenha em conta as seguintes sugestões:
- Demonstre claramente de que forma a iniciativa pode contribuir para resultados semelhantes aos dos projetos da entidade financiadora abordada e de que forma a iniciativa está em consonância com os objetivos e valores da entidade financiadora.
- Explique por que motivo a iniciativa é importante e como está relacionada com temas mais vastos frequentemente apoiados pelas entidades financiadoras, como a democracia, o bem-estar dos animais, os direitos fundamentais e a sustentabilidade.
Antes de contactar um potencial financiador, procure saber quais são as suas prioridades estratégicas e investigue os seus patrocínios anteriores. Estude os relatórios anuais, o historial de financiamento e as declarações públicas desse financiador potencial a fim de adaptar a forma como o abordará.
Fatores determinantes nas decisões de financiamento
Perceber quais são as prioridades dos doadores pode fazer toda a diferença para obter um financiamento. Os principais fatores considerados pelos doadores são os seguintes:
- Tema e âmbito da iniciativa — os financiadores pretendem apoiar iniciativas que sejam relevantes para os seus domínios de ação.
- Plano orçamental pormenorizado — aspeto essencial para demonstrar a viabilidade, uma vez que uma descrição clara da forma como os fundos serão utilizados reforça a credibilidade.
Mesmo que não tenha apoio financeiro desde o início, não hesite em continuar a procurar potenciais patrocinadores. Uma iniciativa bem preparada também pode atrair financiadores durante a campanha.
Clareza da missão, estrutura e do plano estratégico
Ao ler uma proposta de financiamento ou ao interagir com os organizadores de uma iniciativa, os financiadores esperam ver:
- Uma missão bem definida que descreve o que a iniciativa pretende alcançar.
- Objetivos específicos diretamente relacionados com a missão, que é de âmbito mais alargado.
- Um plano de comunicação que descreva a forma como os organizadores da iniciativa esperam envolver os apoiantes, as partes interessadas políticas e os meios de comunicação social a fim de obter o número mínimo de assinaturas.
Erros comuns a evitar
Muitos organizadores de iniciativas cometem erros facilmente evitáveis quando abordam eventuais financiadores, dos quais os mais comuns são os seguintes:
- Sobrestimar o número potencial de apoiantes.
- Não terem assegurado parcerias de caráter internacional, o que os financiadores tendem a valorizar.
- Não fornecer informações suficientes na comunicação inicial.
- Não apresentar um plano de comunicação claro e realista.
Seja preciso, transparente e estratégico nos seus contactos. Evite pedidos vagos e, em vez disso, apresente um caso específico, estruturado e baseado em dados, a fim de garantir a obtenção de apoio.
Monitorização e prestação de contas
Os financiadores querem saber de que forma os seus contributos serão utilizados e qual o impacto que terão. Regra geral, avaliam as iniciativas tendo em conta os seguintes elementos:
- Número de assinaturas recolhidas — que é o principal indicador do envolvimento do público.
- Meios de comunicação social e redes sociais envolvidos — demonstra visibilidade e influência.
- Apresentação de relatórios pormenorizados — essencial para fornecer aos financiadores atualizações regulares sobre a utilização dos fundos e a evolução da campanha.
- Impacto no processo de tomada de decisões da UE — conhecimento dos debates políticos e das reações dos decisores políticos.
Formas criativas e alternativas de angariação de fundos
Não existe uma estratégia única para angariar fundos. Pode ser igualmente eficaz visar grandes patrocinadores ou obter o apoio de numerosos pequenos financiadores. Pondere combinar ambos os métodos para diversificar as fontes de financiamento. As grandes entidades financiadoras podem prestar um apoio substancial, enquanto os pequenos doadores podem criar uma ampla base de apoio e promover um espírito de comunidade em torno da iniciativa.
Financiamento colaborativo
O financiamento colaborativo (crowdfunding) é uma forma eficaz de chegar até muitas pessoas interessadas na causa da iniciativa. Neste tipo de financiamento, um elevado número de pessoas contribui com dinheiro, geralmente pequenos montantes, para financiar um projeto ou iniciativa. O êxito deste método baseia-se na utilização de redes alargadas de pessoas, que são contactadas através de redes sociais e de sítios Web especializados no financiamento colaborativo no intuito de angariar fundos. Este método permite obter pequenos contributos mas de um elevado número de doadores.
Partilhe uma história convincente e utilize as redes sociais para passar a palavra. Quanto mais pessoas tiverem conhecimento da campanha, maiores são as probabilidades de conseguir apoio.
Angariação de fundos entre pares
Esta estratégia eleva o financiamento colaborativo para o patamar seguinte, uma vez que permite aos apoiantes de uma iniciativa angariar fundos em nome dos organizadores. Qualquer pessoa pode criar a sua própria página de angariação de fundos, partilhá-la com os seus familiares, amigos e colegas para ajudar a angariar donativos. Trata-se de uma excelente forma de alargar o âmbito da campanha através das relações pessoais.
Merchandising
Vender artigos de marca de uma campanha é uma forma criativa tanto de angariar fundos como de criar uma marca e um espírito de comunidade em torno de uma iniciativa. Os artigos de merchandising podem servir de símbolo tangível da campanha, criando um espírito de comunidade entre os apoiantes.
Artigos como pulseiras, t-shirts, bonés, lenços, folhetos, brochuras, cartões e outro material de merchandising associados à campanha podem contribuir para uma maior sensibilização, bem como para angariar fundos.
Na campanha da iniciativa My Voice, My Choice, os organizadores lançaram t-shirts e copos com o slogan da campanha. Os organizadores deram-se conta que este tipo de artigos não eram apenas uma forma de financiar a iniciativa, mas também ajudavam a criar um espírito de comunidade.
Organizar um evento para angariar fundos
Organizar um evento de angariação de fundos, seja virtual ou presencial, pode aumentar a sensibilização e permitir que os doadores se envolvam diretamente na campanha. Considere a possibilidade de organizar um evento temático, um leilão de beneficência ou um encontro comunitário que permita reunir pessoas e, ao mesmo tempo, angariar fundos para a iniciativa.
Formas alternativas de angariar fundos
— Angariação de fundos entre pares através de redes de apoiantes
— Donativos baseados em assinaturas através de Patreon ou Buy Me a Coffee
— Utilização de ferramentas de angariação de fundos integradas nas redes sociais (Facebook, Instagram, TikTok, etc.)
— Leilões em linha para experiências exclusivas ou objetos de coleção
— Eventos temáticos de angariação de fundos (por exemplo, mercados respeitadores do ambiente, jantares de beneficência ou festivais ativistas)
— Eventos de angariação de fundos transmitidos em direto (por exemplo, fluxos de caridade do YouTube, Twitch)
— Parcerias com marcas éticas com vista à obtenção de patrocínios ou à partilha de receitas
— Desafios sob forma de jogos com vista a obter donativos (por exemplo, concursos baseados em donativos, desafios relacionados com a aptidão física)
— Venda de tokens não fungíveis (NFT) ou de arte digital para angariar fundos para a campanha
— Eventos locais dirigidos à comunidade (por exemplo, jogos de perguntas e respostas em bares, concursos de talentos, concertos benéficos)
— Organização de corridas virtuais/caminhadas solidárias com o objetivo de obter donativos que apoiem a campanha
Orçamento-tipo
O orçamento exato de uma iniciativa varia consideravelmente em função das diferenças regionais, das prioridades da campanha e das estratégias de sensibilização. A seguir, pode ver um exemplo de um orçamento baseado em iniciativas anteriores bem-sucedidas:
Categoria | % do orçamento |
|---|---|
Pessoal | 30% - 40% |
Publicidade | 10% - 30% |
Comunicação e sítio Web | 15% - 25% |
Eventos e viagens | 10% - 15% |
Material de sensibilização | 5% - 10% |
Despesas administrativas e jurídicas | 5% - 10% |
Os organizadores de uma campanha podem consultar iniciativas anteriores para melhorar as suas próprias estimativas de custos e ter em conta as diferenças de preços regionais. Prever umas margens de variação flexíveis no orçamento inicial permite fazer ajustamentos à medida que as necessidades da campanha evoluem. Note-se que muitas campanhas se baseiam grandemente no trabalho voluntário.
Os organizadores da campanha da iniciativa My Voice, My Choice afirmaram que as maiores despesas do orçamento foram com os recursos jurídicos, o material impresso, a organização de eventos e as despesas de viagem. Com efeito, os organizadores viajaram de um país para outro para apoiar as campanhas nacionais, o que, ao mesmo tempo, também salientou a dimensão europeia da campanha.
Lista de controlo
- Nomear uma pessoa ou uma subequipa responsável pela angariação de fundos entre os organizadores da campanha
- Elaborar um orçamento que especifique os custos previstos
- Ponderar com que organizações ou parceiros com as mesmas ideias da campanha poderão eventualmente ser estabelecidas alianças e parcerias
- Identificar potenciais doadores com base nos financiadores e líderes de iniciativas anteriores no mesmo domínio da iniciativa
- Criar e gerir campanhas de angariação de fundos
- Preparar com argumentos convincentes o dossiê de apresentação da iniciativa
Obter financiamento para a iniciativa pode parecer muito difícil, mas está no caminho certo! Lembre-se de que não estão sozinhos neste processo. Se precisar de aconselhamento mais personalizado sobre a angariação de fundos, não hesite em contactar o Fórum ICE para conselhos especializados. Além disso, prestamos também aconselhamento telefónico aos organizadores, fornecendo-lhes conselhos e estratégias personalizados para que a sua iniciativa seja um êxito.
As opiniões expressas no Fórum ICE refletem exclusivamente o ponto de vista dos seus autores, não refletindo necessariamente a posição da Comissão Europeia ou da União Europeia.
