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Fórum da Iniciativa de Cidadania Europeia

A Iniciativa de Cidadania Europeia na prática: aprender com as experiências passadas e presentes com a Iniciativa de Cidadania Europeia

Atualizado em: 08 January 2019

8 de novembro de 2018, 13h30-17h30 — Representação da Comissão Europeia em França, Paris

A Iniciativa de Cidadania Europeia prossegue o seu percurso em toda a Europa e fez uma paragem em Paris para um seminário de partilha de conhecimentos de meio dia sobre a iniciativa de cidadania europeia, a fim de conhecer os cidadãos ativos no domínio da democracia participativa. O seminário faz parte da iniciativa de cidadania europeia, que visa sensibilizar os cidadãos da UE para este instrumento. O espetáculo já visitou a Bulgária, a Lituânia, a Polónia e a República Checa e terminará em Portugal e na Áustria até ao final de 2018.

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A equipa da Iniciativa de Cidadania Europeia organizou um seminário de intercâmbio de conhecimentos de meio dia, que reuniu representantes de iniciativas passadas e em curso. Foi uma oportunidade para os participantes, ativos no domínio da democracia participativa, se reunirem com estes representantes e aprenderem com as suas experiências com a Iniciativa de Cidadania Europeia.

O seminário foi dividido em três partes: um questionário que apresenta a Iniciativa de Cidadania Europeia, um painel de debate sobre a ferramenta e sessões sobre questões práticas relacionadas com a iniciativa de cidadania europeia.

O questionário foi realizado por Olga Kurpisz, representante da Comissão Europeia. Durante o questionário, Olga Kurpisz colocou perguntas sobre os principais elementos da ferramenta e permitiu aos participantes testar os seus conhecimentos sobre a iniciativa de cidadania europeia. Olga Kurpisz também destacou as melhorias sugeridas na reforma da Iniciativa de Cidadania Europeia.

«A iniciativa de cidadania europeia é mais do que uma mera petição»

O painel de debate aberto por Léopoldine Charbonneaux, representante da iniciativa «End the Cage Age», falou sobre o poder que a iniciativa de cidadania europeia confere aos cidadãos da UE. Charbonneaux gostaria de salientar que a iniciativa de cidadania europeia é muito mais do que uma mera petição. Cria uma verdadeira participação dos cidadãos a nível nacional e da UE.

Em seguida, falou da sua experiência enquanto representante de uma iniciativa de cidadania em curso. Debateu os desafios e os obstáculos que a sua equipa e ela própria enfrentam nos seus esforços para recolher milhões de assinaturas.  O maior desafio identificado é o do tempo. Com efeito, os organizadores dispõem de um ano para atingir o limiar de milhões de assinaturas. Léopoldine Charbonneaux explicou que os organizadores têm de suportar toda a duração da campanha e manter os esforços de promoção ao longo de todo o ano. «Não se pode perder o entusiasmo do início da campanha», afirmou. A solução que sugeriu consiste em assegurar previamente uma boa organização, o que significa identificar os parceiros, preparar o material de comunicação, desenvolver um sítio Web para recolher assinaturas, etc. A fim de chegar ao maior número possível de pessoas, o trabalho deve ter sido posto em prática.

Outro desafio mencionado pela Sra. Charbonneaux prende-se com o ceticismo dos potenciais signatários. Algumas pessoas mostram-se, por vezes, relutantes em partilhar os seus dados pessoais, o que cria desafios adicionais para os organizadores. A solução consiste em levar à mesa os argumentos corretos, oferecer uma explicação e argumentos sólidos para convencer os signatários.

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«A iniciativa de cidadania europeia é uma oportunidade para transmitir uma mensagem e ser ouvida»

Bernard Guille, representante da iniciativa «STOP FRAUD and abuse of EU FUNDS», foi o próximo discurso durante o debate. Bernard Guille centrou o seu discurso nos desafios relacionados com a recolha de assinaturas e as soluções encontradas.

Um dos elementos que apresenta é o quadro jurídico no qual uma iniciativa deve encontrar a sua base. Com efeito, é por vezes difícil compreender e identificar a base jurídica de uma iniciativa. Explicou que, para muitos cidadãos da UE, que não conhecem as competências da Comissão Europeia e do direito da UE em geral, pode ser difícil encontrar uma base jurídica e mesmo se a Comissão tem ou não competências para agir num domínio específico.

Bernard Guille salientou que seria interessante e útil oferecer apoio jurídico aos organizadores de iniciativas de cidadania europeia. Olga Kurpisz acrescentou a este ponto que é possível receber aconselhamento jurídico através do Fórum da Iniciativa de Cidadania Europeia.

Guille salientou igualmente o impacto que uma iniciativa pode ter. Explicou que o que é feito a nível da UE não é o mesmo que o feito a nível local. A iniciativa de cidadania europeia permite que os cidadãos da UE se reúnam e trabalhem para moldar as políticas europeias, que têm impacto na sua vida quotidiana a nível nacional. Esta ferramenta é «uma oportunidade para transmitir uma mensagem e ser ouvida». Bernard Guille pôs termo ao seu discurso afirmando que, mesmo que uma iniciativa de cidadania não seja bem sucedida, permite lançar um movimento e fazer avançar uma ideia, que seguirá o seu próprio rumo.

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«A iniciativa de cidadania europeia cria uma sinergia europeia»

O debate foi concluído por Anne-Marie Perret, representante da iniciativa bem sucedida «Right2Water», uma das 4 iniciativas que atingiu o limiar de assinatura de milhões. Perret partilhou a sua experiência de campanha e explicou que se tratava de uma viagem longa e complicada, mas que poderia conduzir a «uma verdadeira sinergia europeia». Explicou que o instrumento era uma forma de «militância», que exige a participação dos cidadãos para combaterem em conjunto no sentido de um objetivo comum, mesmo que o resultado não seja o que se esperava.

 Anne-Marie Perret explicou que, para alcançar o seu objetivo, era importante estar bem preparado, rodeado por profissionais que conhecem a política, o direito, os procedimentos administrativos, etc., e que é necessário estar preparado para enfrentar intervenientes externos capazes de influenciar o resultado de uma iniciativa, como os grupos de pressão. Partilhou que, durante a sua campanha, tinham tido de lidar com grupos de pressão com o objetivo de enfraquecer a sua mensagem. Para contrariar esta situação, aconselha a criação de parcerias fortes com organizações influentes, que podem levar os organizadores através da sua rede e, mais importante ainda, utilizar os seus instrumentos para multiplicar o efeito da mensagem. 

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Unir esforços para partilhar experiências e conhecimentos

O debate no painel foi seguido de três sessões de repartição, sob o título «Iniciativa de Cidadania Europeia» na prática: como partilhar conhecimentos sobre o que funciona?».

Como angariar fundos para a sua campanha? (Moderador: Bernard Guille)

Infelizmente, uma vez que as sessões de repartição não são atribuídas, cada participante é livre de escolher o tema que preferir, pelo que esta sessão não contou com a participação dos participantes. O moderador da sessão de lançamento e o moderador do seminário iniciaram e debateram questões fundamentais sobre o tema. 

Como procurar parceiros para apoiar a sua iniciativa e campanha? (Moderador: Anne-Marie Perret)

O grupo identificou a sensibilização como o principal desafio na procura de parceiros. As principais soluções que desenvolveram durante o debate foram as seguintes:

  • Criar um conjunto comum de valores que permitam chegar aos cidadãos e aos consumidores (no caso da água);
  • Criar uma rede (e não um grupo de interesses) que reúna intervenientes de diferentes origens (cidadãos, organizações caritativas, ONG, etc.);
  • Criar centros de informação com parceiros identificados, de modo a que estes tomem a seu cargo a transmissão da mensagem da iniciativa.

Em seguida, o grupo debateu o papel dos deputados ao Parlamento Europeu. Explicaram que os organizadores devem utilizar a influência e o alcance dos deputados ao Parlamento Europeu, bem como o seu apoio e conhecimento, mas que os organizadores devem ter o cuidado de não confiar demasiado neles. Não são os únicos parceiros importantes que podem fazer a diferença.

O grupo desenvolveu a ideia de que poderia ser aconselhável realizar um estudo de mercado antes de lançar uma iniciativa para testar as águas e verificar se existe interesse em 7 a 10 países, facilitando a recolha de assinaturas. Trata-se de uma abordagem quase económica, mas pode ser muito útil para garantir o êxito da iniciativa. Ao fazê-lo, os organizadores podem verificar se os parceiros teriam interesse em promover a mensagem junto da sua rede.

O grupo concordou que a melhor abordagem não é necessariamente visar os grandes países, onde o interesse pode ser maior, mas onde as quotas são muito mais elevadas. Recomenda-se que se dirija aos países de pequena dimensão, que dispõem de quotas mais reduzidas. 

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A ideia final desenvolvida pelo grupo é que os parceiros devem ser identificados no início da campanha. O desafio é mostrar a credibilidade da comissão, uma forma de o fazer é demonstrar que os organizadores fazem parte de uma rede mais vasta (por exemplo: uma associação europeia, que representa outras associações).

Como promover a sua iniciativa de cidadania? (Moderador: Léopoldine Charbonneux)

Neste contexto, o grupo decidiu concentrar-se em encontrar soluções para a questão identificando formas muito práticas de promover uma iniciativa, algumas das quais são:

Criação de um boletim informativo para assegurar uma melhor promoção da iniciativa a nível local;

  • Criando uma plataforma digital, os organizadores devem utilizar ao máximo a era digital em que vivemos;
  • Organização de eventos de sensibilização;
  • Criação de uma rede de parceiros;
  • Tornar os próprios signatários promotores da iniciativa;
  • Identificação de influenciadores;

Em seguida, o grupo identificou os desafios que se colocam aos organizadores de uma iniciativa. Foram identificados dois desafios principais: 

  • Durar um ano inteiro:

A principal preocupação é poder manter os esforços de promoção durante todo o ano e não perder a dinâmica do início da campanha. A principal solução identificada é estar bem preparada antes do lançamento da iniciativa. A chave é desenvolver um plano estruturado e pormenorizado para todo o ano. Se os organizadores estiverem bem preparados, podem recusar o desafio do tempo. A Léopoldine Charbonneaux explicou que é muito importante dispor de um bom plano de comercialização, desenvolver argumentos sólidos e reunir parceiros.

  • Chegar a um vasto leque de cidadãos em vez de um nicho:

A ideia não é focar apenas os cidadãos, que já manifestaram interesse na mensagem da campanha, mas chegar a um público mais vasto. Para tal, é importante simplificar a mensagem, comunicar de forma inteligente com os grupos opostos, a fim de conferir à iniciativa uma dimensão internacional.

Outro aspeto importante mencionado é o reforço da confiança na iniciativa. Apresentar factos, argumentos, conversas, debates, etc. 

O grupo elaborou um conceito em três etapas: «Preparar, reunir e criar confiança».

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